A composição da cadeia da construção a seco
Patrick Bailey diz que o Steel Framing (chamado também de Light Steel Framing), é composto por perfis com espessura variando entre 0,8 mm e 1,2 mm, usados nas paredes externas e nas estruturas de cobertura. “O sistema construtivo drywall é a outra frente e foi a porta de entrada para os sistemas de Construção a Seco, e conta com normatização que define padrões de medida e espessura dos perfis. Ele tem se difundido cada vez mais com um número cada vez maior de profissionais se especializando e atuando no setor, o que gerou a necessidade de mais fabricantes de materiais, tanto os perfis e acessórios, como as placas de gesso acartonado. Acredito que a sua aplicação em edificações no ramo de hotelaria (hotéis da Accor) deram grande visibilidade ao produto e à forma de se construir com ele.”
João Alvarenga, coordenador técnico da Knauf do Brasil, explica que o início do mercado de drywall remonta aos anos 1970. “Mais precisamente em 1972, com uma empresa nacional que produzia apenas as chapas de gesso e o sistema tinha pouca ou inexpressiva participação no mercado. Em meados dos anos 1970, aportaram no Brasil as três maiores fabricantes mundiais que proporcionaram um grande desenvolvimento ao mercado, sendo que o principal diferencial para este avanço foi o trabalho do sistema como um todo. Ou seja, além das chapas de gesso, as empresas começaram a fornecer os perfis, massas, parafusos, acessórios, etc., criando assim um grande diferencial no mercado.”
Evolução do mercado
De acordo com Eduardo Éboli, gerente de marketing e comunicação da Gypsum Drywall, no início da década de 1970 a Gypsum do Nordeste iniciou operações com investimentos e capital nacional. “Durante praticamente 20 anos este setor esteve restrito ao mercado corporativo e aplicação em forros, com pouquíssima utilização em vedações e no setor residencial”, informa.
“A partir de 1995”, continua ele, “com a aquisição da Gypsum pelo Grupo Lafarge, o mercado começou a tomar uma dinâmica diferente e creio que aí é que houve o primeiro grande avanço da tecnologia no Brasil. Houve modernização do parque fabril e uma nova estratégia de desenvolvimento de mercado foi implantada: o desenvolvimento de grandes construtoras para utilização do drywall no segmento residencial e a estruturação de uma rede de distribuição e montagem; além da formação de todo um mercado periférico de produtos e sistemas complementares ao drywall, como, por exemplo, soluções para hidráulica e elétrica.”
Caroline Silveira, do marketing da LP Brasil, diz que o setor de Construção a Seco tem experimentado um grande avanço nas questões técnicas com estabelecimento de diretrizes tanto para o light steel framing quanto para o wood framing e no foco em atender as normas de desempenho para o sistema construtivo. “Uma prova disso é o sistema organizado pelo Ministério das Cidades que visa uniformizar e avaliar os novos sistemas construtivos e os produtos inovadores disponibilizados no mercado para a obtenção do Documento Técnico de Avaliação. A outra evolução seria no sentido comercial, com um grande aumento de construções a seco sendo feitas em todo o país, devido a políticas como Minha Casa, Minha Vida e também ao crescimento do número de empreendimentos do tipo condomínio horizontal de casas em série.”
Silveira destaca elementos que têm favorecido a construção civil, como a isenção do IPI até o final de 2013, o crescimento do financiamento imobiliário, que fechou o primeiro trimestre com crescimento de 31,7% em relação ao mesmo período de 2012, segundo a Caixa Econômica Federal, além dos eventos esportivos, como a Copa e Olimpíada. “O déficit habitacional, que está em 5,6 milhões de moradias e a segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida, que prevê a construção de dois milhões de imóveis até 2014, são outros fatores que impulsionam a Construção a Seco, como parte da indústria da construção.”
“Diante desse cenário, a construção a seco tem a oportunidade de promover o processo de industrialização da construção, oferecendo
padronização e coordenação entre estrutura e materiais para oferecer obras mais rápidas, eficientes e com menos desperdício, que proporcionam um retorno mais rápido do investimento e fidelidade orçamentária. Essas vantagens, aliadas ao desenvolvimento do sistema no Brasil, vêm atender não somente as construções residenciais de médio e alto padrão, mas também as construções comerciais, industriais e casas populares”, acredita Silveira, da LP Brasil.
Sérgio de Almeida, da Brasfor, também vê evolução. “Tem sido um crescimento constante, principalmente em termos tecnológicos. O sistema de Construção a Seco é o principal sistema de construção nos mercados europeus e dos Estados Unidos da América. Ele traz algumas vantagens em relação à construção convencional: mais leve, mais rápido de executar e é sustentável.” Almeida acredita que os custos, apesar de já terem caído, têm mais espaço para reduções. “O mercado precisa crescer para ganhar mais produtividade, consequentemente o custo vai diminuir.”
Opinião compartilhada por Caroline Silveira. “Os fabricantes que fornecem para a construção a seco já estão, na sua grande maioria, instalados no Brasil. Assim não há dependência de produtos importados influenciados por políticas cambiais e custos extras de logística. Com indústrias fornecendo para um mercado tão grande e em crescimento, os fabricantes também conseguem reduzir preços, pois obtêm ganho de escala em instalações mais eficientes e com taxa de ociosidade decrescente. Outro fator é a maior quantidade de mão de obra se especializando nesse sistema construtivo.”
Éboli também defende que os sistemas drywall se tornaram mais competitivos ao longo dos anos. “O investimento da indústria subsidiou parte desta relação de custos. O aumento do preço da chapa para drywall nos últimos anos foi 50% menor que o aumento do cimento. Estes são os custos totais da obra, que leva em conta não só os materiais utilizados nas vedações de acordo com a tecnologia empregada, mas também custos relativos a fundações, transporte e estocagem de materiais, gestão de resíduos, cronograma financeiro da obra, etc. Em todos estes aspectos o drywall leva vantagens ao canteiro de obras.”